Introdução: Insegurança alimentar é uma situação em que o acesso físico, social e económico do consumidor a alimentos adequados sob o ponto de vista nutricional é escasso ou inexistente. Apesar de o senso comum ditar o contrário, a evidência científica tem mostrado que a obesidade e a Insegurança alimentar estão significativamente associadas. Objetivos: Contextualizar este paradoxo na população portuguesa e abordar os mecanismos associados. Metodologia: Foi feita uma revisão narrativa da melhor evidência científica publicada nos últimos 10 anos com as palavras-chave definidas, segundo as normas PRISMA e em snowball, inserindo artigos científicos, documentos oficiais e livros aplicados à população portuguesa. Resultados: A crise económica sentida nos últimos anos despoletou disparidades sociais. Os grupos mais vulneráveis à Insegurança alimentar em Portugal são as mulheres, desempregados ou empregados em condições precárias, famílias monoparentais, famílias numerosas e com baixo nível de escolaridade. Vários estudos associam a Insegurança alimentar a doenças crónicas como obesidade, dislipidémia, diabetes Mellitus tipo 2 e hipertensão arterial, devido a uma alimentação desequilibrada, rica em produtos alimentares de elevada densidade energética e pobre em micronutrientes, e ao sedentarismo. Conclusões: A prevenção e a gestão deste problema deve passar pela implementação de programas de monitorização nos cuidados de saúde primários e nas escolas, e aplicar estratégias a nível local para que se possa intervir de uma forma adequada e atempada.
Introduction: Food insecurity exists when people don’t have adequate physical, social or economic access to food. Scientific evidence shows that Food insecurity and obesity are significantly associated. Objectives: Contextualize this paradox in the Portuguese Population and evaluate the mechanisms associated to it. Methodology: A narrative review of the best scientific evidence was carried with data from the last 10 years using the defined keywords according to PRISMA standards and to a snowball approach, by choosing scientific papers, official working reports and books directed to the Portuguese Population. Results: The recent economic crisis has triggered social disparities. The most vulnerable groups to Food insecurity in Portugal are women, unemployed or employed in precarious conditions, single parents, big families and low educational level. Food insecurity is associated with chronic diseases, such as obesity, dyslipidemia, type 2 diabetes and hypertension, due to an unbalanced diet, rich in high density and micronutrient deficient food products, and a sedentary lifestyle. Conclusions: In order to prevent and deal with this paradox, it is important to implement monitoring programs in primary health care and schools, and apply strategies at a local level to promote an adequate and timely intervention.